Alienação Fiduciária e Propriedade Resolúvel: entenda a diferença e seus efeitos jurídicos

Ilustração comparativa entre alienação fiduciária e propriedade resolúvel, representando uma casa com contrato e chaves de um lado e uma cláusula condicional do outro, destacando os efeitos jurídicos de cada modalidade de propriedade.

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Paulo Vitor Faria da Encarnação

Você sabe qual é a diferença entre alienação fiduciária e propriedade resolúvel?

Em suma, ambas envolvem a transferência de propriedade, mas os efeitos jurídicos e as responsabilidades das partes são bastante distintos — especialmente em contratos de financiamento e negócios imobiliários, entre outros.

Neste artigo, o Santos Faria Sociedade de Advogados (SFSA) explica os principais pontos de distinção entre essas modalidades, com base na legislação brasileira além da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

✅ O que é alienação fiduciária?

A alienação fiduciária é uma modalidade de garantia, na qual o devedor transfere a propriedade resolúvel de um bem ao credor, mantendo a posse direta do bem. Simples assim.

Caso a dívida não seja quitada, o credor pode consolidar a propriedade e retomar o bem de forma mais célere, inclusive por execução extrajudicial.

Esse mecanismo é comum em financiamentos de imóveis e veículos, por exemplo. Entre outros, acontece quando o banco insere pacto de alienação fiduciária e fica com a propriedade resolúvel.

Ponto de atenção: o devedor continua responsável por encargos como IPTU até que a posse seja efetivamente transferida ao credor. O STJ já decidiu que o credor só assume essas obrigações após tomar posse.

⚖️ O que é propriedade resolúvel?

Na propriedade resolúvel, o titular tem a propriedade plena, mas essa pode se extinguir com o cumprimento de uma condição resolutiva previamente definida em contrato. Isso ocorre, por exemplo, em contratos condicionados à adimplência de certas obrigações.

Exemplo clássico: doação com cláusula de reversão — se o beneficiário não cumprir determinada condição, o bem retorna ao doador.

Por isso, a importância de saber as diferenças entre alienação fiduciária e propriedade resolúvel.

📌 Diferenças entre alienação fiduciária e propriedade resolúvel

AspectoAlienação FiduciáriaPropriedade Resolúvel
Natureza jurídicaGarantia realDireito resolúvel subordinado a condição
Transferência de posseO devedor mantém a posse diretaA posse acompanha a propriedade plena
Efeitos da inadimplênciaConsolidação da propriedade pelo credorRetorno automático do bem ao antigo dono
Responsabilidade por encargosDo devedor até a posse do credorDo proprietário até o evento resolutivo
Aplicação práticaFinanciamentos, especialmente imobiliáriosDoações e negócios com cláusulas resolutivas

📚 Jurisprudência relevante:

Dessa forma, o STJ já firmou entendimento relevante sobre alienação fiduciária:

  • O credor fiduciário não responde por encargos (como IPTU) antes da posse;
  • A Súmula 308 do STJ, que trata da responsabilidade do promitente vendedor, não se aplica à alienação fiduciária.

👨‍⚖️ Conclusão

Saber diferenciar alienação fiduciária de propriedade resolúvel é essencial para evitar riscos contratuais, proteger seu patrimônio e compreender seus direitos e deveres como devedor ou credor.

A equipe do Santos Faria Sociedade de Advogados (SFSA) está à disposição para orientar empresas, investidores e pessoas físicas que desejem maior segurança jurídica em operações que envolvam essas modalidades.

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