Fraude à execução em doações familiares: guia jurídico atualizado

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A discussão sobre fraude à execução em doações familiares ganhou força nos últimos anos. Além disso, os tribunais vêm adotando critérios mais rígidos para identificar tentativas de blindagem patrimonial. Por isso, compreender essas decisões tornou-se indispensável para quem atua em conflitos envolvendo patrimônio, execução e responsabilidade civil.

Fraude à execução: conceito aplicado às doações familiares

A fraude à execução ocorre quando o devedor transfere bens após o início de uma ação que pode levá-lo à insolvência. Assim, a doação familiar, embora comum, pode se transformar em foco de litígio. Além disso, o risco aumenta quando o bem permanece no núcleo familiar ou quando o devedor realiza várias doações em sequência.

A legislação reforça esse entendimento. O CPC considera fraudulenta a alienação feita durante processo apto a comprometer o pagamento da dívida. Portanto, o momento da transmissão e a situação financeira do devedor são elementos centrais.

O caso analisado pelo TJRJ

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro examinou um caso emblemático envolvendo doação entre pai e filho. A promessa de doação era antiga, porém a escritura e o registro ocorreram após a citação do devedor na execução. Além disso, o devedor realizou várias outras promessas de doação no mesmo período. Assim, o Tribunal concluiu que a transferência buscou afastar o credor e comprometer a execução.

O TJRJ manteve a penhora, pois a transmissão ocorreu quando já tramitava ação capaz de levar o devedor à insolvência. Portanto, a alegação de boa-fé do donatário não afastou a fraude à execução.

Como identificar fraude à execução: checklist prático

Para facilitar a avaliação do risco jurídico, confira um checklist rápido:

  • Verifique se a doação ocorreu após a citação do devedor.
  • Analise se o devedor permaneceu com patrimônio suficiente para pagar a dívida.
  • Observe se houve outras transferências próximas à data da doação.
  • Considere se o imóvel continuou sendo usado pela família.
  • Cheque a existência de ações judiciais anteriores.

Com esses elementos, a análise do caso se torna mais objetiva e mais previsível.

Relativização da Súmula 375 do STJ

O STJ ampliou a proteção dos credores ao relativizar a Súmula 375. A Súmula exigia registro da penhora ou má-fé do adquirente. Contudo, em doações familiares, o Tribunal entende que o vínculo e o contexto podem evidenciar má-fé. Além disso, a permanência do bem no núcleo familiar reforça a presunção de blindagem patrimonial.

Assim, o STJ admite a caracterização de fraude à execução mesmo sem registro prévio da penhora. Portanto, a análise passou a considerar mais o cenário fático do que apenas a formalidade registral.

Linha do tempo da fraude à execução em doação familiar

Para compreender o padrão identificado pelos tribunais, veja a linha do tempo típica:

  • O devedor promete doar o bem.
  • O credor ajuíza a ação.
  • O devedor é citado.
  • A escritura definitiva é lavrada.
  • O registro da doação é realizado.
  • A penhora recai sobre o imóvel.
  • O donatário apresenta embargos de terceiro.
  • O Tribunal verifica blindagem e reconhece a fraude à execução.

Essa sequência demonstra por que tantas doações familiares são anuladas em sede de execução.

Consequências práticas para as partes

Para o credor, a evolução jurisprudencial fortalece a efetividade da execução. Assim, mesmo sem penhora prévia, o credor pode alegar fraude à execução com base no cenário familiar e patrimonial. Além disso, a análise estratégica dos atos de disposição facilita a recuperação do crédito.

Para o donatário, o risco é significativo. Ele pode perder o imóvel e ainda arcar com custas e honorários. Portanto, toda doação envolvendo devedor deve ser tratada com cautela.

Como prevenir litígios envolvendo fraude à execução

Algumas medidas preventivas reduzem o risco de litígios:

  • Solicite orientação jurídica antes da doação.
  • Pesquise a existência de processos contra o doador.
  • Analise a solvência após a transferência.
  • Documente corretamente o motivo da doação.
  • Adote planejamento sucessório estruturado.

Essas ações diminuem conflitos e fortalecem a segurança das operações.

Referências legais e links úteis

Quando buscar auxílio jurídico especializado

Em situações de execução em curso, doações recentes ou risco de blindagem patrimonial, a orientação jurídica é indispensável. Além disso, a análise técnica dos documentos e o uso correto das teses jurisprudenciais podem definir o resultado do caso.

Resumo visual: as cortes brasileiras reforçam a proteção dos credores e identificam com mais rigor a fraude à execução em doações familiares.

Atuação do Santos Faria Sociedade de Advogados

O Santos Faria Sociedade de Advogados atua em Vila Velha/ES e oferece assessoria completa em execuções, embargos de terceiro e prevenção de litígios patrimoniais. Além disso, o escritório orienta credores e donatários sobre riscos, estratégias e segurança jurídica nas operações familiares.

Para orientação personalizada, entre em contato pelos canais abaixo.


Paulo Vitor Faria da Encarnação – OAB/ES 33.819
Mestre em Direito Processual pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Sócio do Santos Faria Sociedade de Advogados – Vila Velha/ES – Brasil
E-mail: [email protected] – Telefone/WhatsApp: (27) 99615-4344

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