Ruptura de prótese mamária: como ajuizar ação com base no CDC e CPC

Artigo explicativo sobre ação judicial por ruptura de prótese mamária, com passos práticos de prova, pedidos e tutela de urgência.

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Ruptura de prótese mamária: roteiro prático para ajuizar a ação (CDC + CPC)

Por Paulo Vitor Faria da Encarnação, advogado em Vila Velha/ES (OAB/ES 33.819), Mestre em Direito Processual pela UFES.

Por que este guia?

Clientes com ruptura de prótese mamária frequentemente enfrentam situações de urgência clínica e financeira. Por isso, este roteiro apresenta, de forma direta e organizada, os passos essenciais para ajuizar a ação com fundamentação precisa, pedidos bem estruturados e provas suficientes. Assim, o profissional pode agir com segurança e eficiência desde a petição inicial.

Base legal direta e objetiva

  • CDC: responsabilidade do fornecedor por defeito do produto, garantia da segurança e qualidade, direitos básicos do consumidor e inversão do ônus da prova, quando houver verossimilhança e hipossuficiência.
  • CPC: tutela de urgência (probabilidade e perigo), distribuição do ônus da prova, especificação de pedidos e correta fixação do valor da causa.

Dessa forma, a conjugação entre CDC e CPC oferece base sólida para uma ação eficaz, sobretudo em casos com risco à saúde e necessidade de reparação imediata.

Documentos indispensáveis (checklist rápido)

  • Prontuário e relatório médico do procedimento inicial.
  • Exames de imagem e laudos que comprovem a ruptura.
  • Orçamento da cirurgia reparadora e do custo das novas próteses.
  • Mensagens ou e-mails com o médico e com a fabricante ou fornecedora.
  • Termos de garantia ou eventuais acordos extrajudiciais firmados.
  • Notas fiscais e recibos das despesas já realizadas.

Além disso, mantenha a documentação em ordem cronológica e com legendas claras. Assim, o juízo compreende o contexto clínico e financeiro com maior agilidade.

Pedidos que não podem faltar

  • Tutela de urgência para o custeio imediato da cirurgia de explante e da nova intervenção, com fornecimento das próteses.
  • Indenização por danos materiais (gastos já feitos e os que serão realizados), morais e estéticos, quando houver.
  • Nulidade de cláusula de foro abusivo constante em termos de garantia ou contratos acessórios.
  • Inversão do ônus da prova, sempre que comprovada a hipossuficiência técnica e a verossimilhança das alegações.

Portanto, cada pedido deve estar vinculado a uma prova e a um fundamento jurídico, o que aumenta a coerência da peça inicial e favorece a concessão de medidas liminares.

Tutela de urgência: como fundamentar com precisão

Para demonstrar a urgência, destaque o risco clínico e o potencial agravamento do quadro. Além disso, vincule a probabilidade do direito à prova técnica e aos exames apresentados. Dessa maneira, o pedido de custeio integral da cirurgia e das novas próteses se torna concreto e verificável. Lembre-se de indicar, de forma detalhada, honorários médicos, custos hospitalares, medicamentos e materiais necessários.

Valor da causa: como somar corretamente

O valor deve refletir o conjunto das pretensões. Assim, some: (i) o custo da cirurgia inicial; (ii) o valor da cirurgia reparadora e das próteses; (iii) os danos morais pretendidos; e (iv) os danos estéticos, se houver. Além disso, apresente o cálculo de modo transparente, permitindo fácil conferência e reduzindo impugnações futuras.

Competência e foro

Nas relações de consumo, o foro do domicílio do consumidor é prioritário. Portanto, cláusulas que imponham foro distante ou diverso tendem a ser abusivas. Assim, demonstre o prejuízo concreto que a cláusula causa ao acesso à justiça, reforçando o pedido de anulação dessa disposição contratual.

Provas: amplitude com foco

  • Perícia médica: comprova a ruptura, o nexo causal e a necessidade de substituição das próteses.
  • Depoimentos: médicos e representantes do fornecedor esclarecem o histórico da prótese, a garantia e as tratativas de substituição.
  • Documentos: devem ser numerados e organizados por tema, facilitando a análise judicial e pericial.

Além disso, indique na inicial os fatos que cada prova pretende demonstrar. Dessa forma, evita-se indeferimento por genericidade e aumenta-se a eficiência da instrução.

Estratégia de instrução

Evite alegações amplas ou sem base documental. Assim, associe cada fato a um documento específico e, se houver lacuna, fundamente o pedido de exibição com base no art. 396 do CPC. Além disso, explique a relevância da prova faltante, demonstrando boa-fé e diligência processual.

Resumo executivo para decidir rápido

  • Exponha os fatos e os riscos clínicos de forma objetiva e sequencial.
  • Indique as provas já juntadas e justifique as que faltam.
  • Detalhe o pedido de tutela de urgência com valores e prazos definidos.
  • Fundamente o valor da causa e os danos pleiteados de maneira clara.

Com esse resumo, o juiz compreende rapidamente a urgência, a verossimilhança e a viabilidade dos pedidos, o que pode acelerar a decisão.

Leituras úteis (links externos)

Além disso, acompanhe conteúdos especializados em direito do consumidor e responsabilidade civil médica, que podem auxiliar na fundamentação de casos semelhantes.

Assinatura

Santos Faria Sociedade de Advogados
Centro da Vila Shopping — Av. Henrique Moscoso, 1.019, sala 310 — Vila Velha/ES
Tel.: (27) 99266-3367 — [email protected]

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