Exceção de pré-executividade: como o STJ definiu seus limites em 2023

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⚖️ Exceção de pré-executividade: como o STJ definiu seus limites em 2023

Entenda, em linguagem visual e prática, as decisões recentes do Superior Tribunal de Justiça sobre a exceção de pré-executividade e saiba quando aplicá-la corretamente.

A exceção de pré-executividade ganhou novos contornos nas decisões mais recentes do STJ. O Tribunal reforçou que esse instrumento continua sendo cabível apenas quando a matéria for de ordem pública e puder ser verificada por prova pré-constituída. Assim, o uso técnico da exceção evita bloqueios indevidos e preserva a eficiência processual.

📘 Quando cabe a exceção de pré-executividade

O STJ mantém um entendimento estável: a exceção exige dois requisitos cumulativos. Em primeiro lugar, a matéria deve ser cognoscível de ofício. Em segundo, o exame não pode depender de novas provas. Dessa forma, a exceção se torna um meio legítimo de defesa apenas quando a questão puder ser resolvida por documentos já existentes no processo.

Além disso, o Tribunal tem destacado que o uso abusivo desse instrumento gera atrasos e distorce o rito executivo. Por isso, a análise deve ser objetiva, baseada em documentos e voltada à economia processual. Assim, o advogado atua com precisão, reduzindo riscos e fortalecendo a credibilidade da defesa.

✅ Resumo visual law:
  • 🔹 Requisito material: matéria de ordem pública (pressupostos, condições da ação, executividade do título).
  • 🔹 Requisito formal: ausência de necessidade de dilação probatória.

💰 Juros de mora e exceção de pré-executividade

Em maio de 2023, a Terceira Turma, sob relatoria da Ministra Nancy Andrighi (REsp 2.052.225/RJ), afirmou que é possível discutir o índice de juros de mora em sede de exceção de pré-executividade. Isso ocorre porque o tema é de ordem pública e o juiz pode analisá-lo de ofício, desde que a questão esteja comprovada por documentos. Portanto, o advogado pode corrigir erros de cálculo diretamente nessa via.

Por exemplo, se o credor aplica juros de 1% ao mês quando o correto seria seguir o índice legal do art. 406 do Código Civil, basta demonstrar o erro por meio de planilhas ou memórias de cálculo já constantes dos autos. Assim, a defesa mantém o processo dentro dos limites legais e evita nova perícia.

📊 Dica prática: Sempre anexe uma memória de cálculo revisada e aponte, de forma comparativa, o índice legal correto. Isso torna a argumentação mais visual e facilita a decisão do magistrado.

🏛️ Autonomia patrimonial e legitimidade recursal

Em junho de 2023, o STJ também decidiu o REsp 2.057.706/RO, ampliando a proteção à autonomia patrimonial das empresas. O Tribunal reconheceu que a pessoa jurídica tem legitimidade para recorrer de decisão que bloqueia bens de seu sócio, quando atua para proteger direito próprio.

Embora a decisão de penhora não declare expressamente a desconsideração da personalidade jurídica, ela gera o mesmo efeito prático. Por isso, a empresa pode impugnar a medida para defender sua separação patrimonial e a regularidade de sua administração. Assim, o recurso reforça a segurança jurídica e o respeito ao devido processo legal.

“A pessoa jurídica pode recorrer da decisão que autoriza a constrição de bem de sócio que não integra o polo passivo da ação, desde que o faça para defender interesse próprio.” — STJ, 3ª Turma, 13/06/2023.

🧾 Checklist visual law

  • ✅ A questão é de ordem pública?
  • ✅ As provas já estão nos autos?
  • ✅ O pedido é específico e direto?
  • ✅ O documento comprova o vício alegado?
  • ⚠️ Evite teses amplas ou genéricas. A exceção não substitui embargos à execução.

🧭 Estrutura ideal em legal design

  1. 1️⃣ Identificação do processo e das partes;
  2. 2️⃣ Exposição breve dos fatos;
  3. 3️⃣ Fundamentação jurídica baseada no CPC e na jurisprudência do STJ;
  4. 4️⃣ Pedido objetivo de reconhecimento do vício ou nulidade;
  5. 5️⃣ Requerimento de suspensão do ato executivo até a análise da exceção.

🔗 Links úteis

📚 Conclusão

Em conclusão, a exceção de pré-executividade continua sendo uma via eficiente e segura quando usada com técnica. Ela deve focar em matérias documentais e de ordem pública, evitando discussões amplas. Ao aplicar as orientações do STJ e usar elementos de visual law e legal design, o advogado melhora a clareza da petição, aumenta as chances de êxito e contribui para uma execução mais justa e racional.

Paulo Vitor Faria da Encarnação
OAB/ES 33.819 – Mestre em Direito Processual pela UFES – Sócio do escritório Santos Faria Sociedade de Advogados – Vila Velha/ES – [email protected]

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