Restituição imediata por vício não sanado no prazo de garantia: como estruturar a prova e os pedidos

Ilustração conceitual de garantia legal e direito de restituição por vício não sanado.

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Restituição imediata por vício não sanado no prazo de garantia: como estruturar a prova e os pedidos

Autor: Paulo Vitor Faria da Encarnação — OAB/ES 33.819 — Mestre em Direito Processual (UFES) — — WhatsApp: (+55 27) 99615-4344.

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Por que a restituição é, muitas vezes, o caminho mais eficiente

Em relações de consumo, o vício que persiste além do prazo legal de trinta dias rompe a confiança e autoriza, de forma objetiva, a restituição imediata da quantia paga. Em vez de tolerar reparos indefinidos, o consumidor pode optar pelo retorno ao status quo ante. Assim, a estratégia processual deve priorizar pedidos claros, prova documental organizada e narrativa cronológica. Com isso, o procedimento flui no Juizado Especial, e a tutela torna-se efetiva.

Como organizar os documentos: sequência lógica e suficiência probatória

Para sustentar o direito, estruture o dossiê probatório com: (i) nota fiscal e comprovante de pagamento; (ii) descrição objetiva do vício e da essencialidade do produto; (iii) registros de abertura de chamado, protocolos e mensagens em que a assistência se comprometeu a resolver o problema; e (iv) evidências de inércia ou idas e vindas ineficazes. Desse modo, o conjunto convence, pois evidencia a falha do serviço e, sobretudo, a superação do prazo legal de conserto.

Além disso, convém anexar prints do site do fabricante (funções prometidas), manual do usuário (características relevantes) e eventual posicionamento do Procon local. Por fim, adote linguagem direta, voz ativa e datas precisas, pois isso melhora a percepção do julgador sobre a linha do tempo.

Pedidos principais e acessórios: precisão aumenta a efetividade

Ao formular os pedidos, apresente a ordem preferencial: restituição integral do preço, com correção monetária desde o desembolso e juros a partir da citação; alternativamente, substituição por outro da mesma espécie; e, ainda, abatimento proporcional do preço, se adequado. Em seguida, peça danos materiais complementares comprovados (acessórios, frete, deslocamentos) e danos morais, quando a privação do bem essencial e o desvio produtivo superarem o mero aborrecimento.

Requeira também a inversão do ônus da prova, a citação por meio eletrônico (quando disponível) e a produção de todas as provas em direito admitidas. Finalmente, indique o valor da causa de forma compatível com os pedidos, viabilizando a competência do Juizado Especial.

Redação da petição: clareza, transições e foco na cronologia

Ao narrar os fatos, utilize transições como “primeiramente”, “além disso”, “por fim”. Escreva em voz ativa, descrevendo quem fez o quê, quando e com qual resposta do fornecedor. Evite adjetivações e repetições: apresente dados objetivos, anexos numerados e remissões internas (“cf. Anexo 3”). Assim, a leitura torna-se fluida e a tese, persuasiva.

Boas práticas no Juizado Especial Cível

Em regra, a audiência de conciliação pode encurtar o litígio, desde que o consumidor esteja pronto para negociar sem abrir mão do essencial: a restituição integral quando o vício persiste além do prazo legal. Caso não haja acordo, a instrução deve seguir concisa, com foco documental. Em termos de resultado, decisões têm privilegiado soluções integrais, sobretudo quando a prova demonstra a inércia do fornecedor perante produto essencial.

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