Fraude bancária: o que o STJ decidiu e como usar esse precedente a seu favor
Resumo: Em decisão recente, o STJ reconheceu a responsabilidade objetiva do banco por fraude bancária praticada por terceiro; além disso, reforçou o dever de segurança em operações que destoam do perfil do cliente.
Essência do precedente: dever de segurança contra fraude bancária
Primeiro, o Superior Tribunal de Justiça afirmou que as instituições financeiras devem implementar mecanismos ativos para identificar e impedir transações atípicas em relação ao perfil do consumidor; consequentemente, respondem civilmente pelos prejuízos quando não o fazem.
Além disso, se o banco facilita contratação por app ou canal remoto, então ele precisa filtrar operações fora do padrão do cliente e bloquear aquilo que sugere golpe; do contrário, configura-se defeito do serviço.
Tese aplicada: ausência de verificação e aprovação de operações atípicas gera responsabilidade objetiva do banco, pois tais fraudes integram o risco do empreendimento.
Por fim, o caso envolveu empréstimo fraudulento e pagamentos incomuns em outro Estado no mesmo dia; assim, o STJ declarou a inexigibilidade das transações e determinou a restituição do saldo anterior.
Proteção reforçada ao idoso: quando a vítima é pessoa idosa, a análise considera a hipervulnerabilidade; por isso, o padrão de cuidado do banco deve ser ainda maior.
Quando a tese se aplica na prática
- Em primeiro lugar, quando houver movimentações atípicas quanto a valor, frequência ou objeto, em curto intervalo.
- Além disso, quando a fraude envolver aplicativos, autoatendimento ou ligação falsa orientando “procedimentos de segurança”.
- Do mesmo modo, quando o banco nada faz para travar a sequência que destoa do histórico do correntista.
- Finalmente, quando o consumidor for idoso e, portanto, hipervulnerável.
Em síntese, prevalece a lógica do fortuito interno; portanto, fraudes inerentes ao negócio bancário não afastam a responsabilidade do fornecedor.
Visual law: checklist de sinais de alerta que o banco deve barrar
- Antes de tudo, várias operações em poucos minutos.
- Logo após, empréstimo alto seguido de transferências e quitações incomuns.
- Em seguida, pagamentos para entes de outro Estado sem histórico do cliente.
- Além disso, alteração súbita de limites e de fatores de autenticação.
- Por fim, compras atípicas no cartão após “ajuste de limite”.
Dessa forma, se esses sinais aparecem, o banco precisa reagir; caso contrário, a falha de serviço se configura.
Como organizar a sua prova (passo a passo)
- Extratos e logs: reúna extratos do dia do golpe e dos dias anterior e posterior; depois, destaque a sequência atípica.
- Histórico do perfil: demonstre o padrão usual de valores, horários e destinos; assim, evidencie o desvio.
- Registros de contato: anexe prints da chamada e protocolos do banco; em seguida, descreva a cronologia.
- Boletim de ocorrência: registre o evento; logo após, solicite os logs de autenticação ao banco.
- Idoso? comprove a idade para firmar a hipervulnerabilidade; além disso, peça prioridade de tramitação quando cabível.
Fundamentos essenciais
- Súmula 479/STJ — responsabilidade objetiva por fraudes internas.
- REsp 2.052.228/DF (DJe 15/09/2023) — inteiro teor do acórdão.
- Tema 466/STJ — risco do empreendimento.
- Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
- Notícia STJ: banco deve impedir operações fora do perfil.
Com esses pilares, a petição evidencia a falha de serviço; além disso, reforça o dever de segurança mesmo quando a fraude decorre de engenharia social.
FAQ rápido sobre fraude bancária
Se eu aumentei o limite durante a ligação, perco o direito?
Não; conforme decidiu o STJ, esse ato isolado não significa assunção consciente do risco; portanto, persiste o dever do banco de filtrar e bloquear operações totalmente atípicas.
O banco pode culpar apenas o cliente?
Em regra, não; a instituição deve provar que não houve defeito no serviço ou que a culpa foi exclusiva do consumidor ou de terceiro; contudo, isso é raro nesses cenários.
Idosos têm proteção adicional?
Sim; a hipervulnerabilidade orienta a análise do caso e eleva o padrão de cuidado exigido do banco; por isso, a responsabilidade costuma ser afirmada com mais rigor.
Próximos passos: recupere seus valores
- Antes de tudo, guarde extratos, protocolos e prints.
- Depois, conteste formalmente no banco, por escrito.
- Em seguida, procure orientação jurídica especializada.
Quer avaliar o seu caso com base nesse precedente? Então fale com a nossa equipe e receba uma análise objetiva.
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